ARREBATAMENTO, O GRANDE ESCÂNDALO DOS ÚLTIMOS DIAS


O povo está gemendo. O sistema do mundo está em crise e o povo perde cada vez mais sua fé em seus governantes. Essa crise tem dispertado muitos a se perguntarem se estamos vivendo os últimos dias. A resposta é sim, mas não porque os crentes do ocidente perceberam que as instituições não lhes favorecem mais como antes e seus direitos de culto estão sendo questionados.

Me procupa porém que a Igreja esteja em grande parte seduzida pelo triunfalismo do arrebatamento a ponto de não se preparar para as dores que se aproximam. Assim decidi compartilhar e comentar sobre partes desse artigo de Michael S. Heiser PhD, Ele escreve:

"Você descobrirá que as passagens bíblicas relacionadas à escatologia realmente podem ser lidas de mais de uma maneira. O fato é que todos os sistemas do fim dos tempos parecem bonitos e elegantes - até que suas suposições são desafiadas por outros sistemas. Todas as reconstruções do fim dos tempos distorcem as escrituras em passagens em que tem "problemas" (ou seja, passagens que levantam a possibilidade de o sistema estar errado). É assim que as coisas são. E na minha opinião, Deus quis que fosse assim."

Dr. Heiser está correto. No primeiro século não havia clareza escatológica a respeito da vinda do Messias. Entre os estudiosos daqueles dias havia dezenas de interpretações aceitas sobre as profecias entre elas, havia uma mais popular. Os judeus do primeiro século esperavam um Messias que os libertasse da servidão ao Império Romano, que entrasse vitorioso em Jerusalém seguido pelo povo Judeu, derrotasse as legiões romanas com o sopro de sua boca e tomasse Jerusalém inaugurando um período de paz e prosperidade eterno sobre toda a terra, e diante de tremenda demonstração de poder da parte do Messias todos os reis e governantes de todas as nações tribos e raças viriam e se prostrariam diante do Messias. Esse sistema escatológico é baseado apenas no Messias triunfador dos Salmos e de Daniel, a pedra triunfante que cai sobre os pés da estátua. Como sempre a interpretação mais triunfalista e que nega qualquer tipo de passar por dores é sempre a mais aceita pelo povo. Quando Jesus foi identificado como o Messias, o servo sofredor, foi imediatamente rejeitado apesar dos sinais e milagres e o cumprimento das profecias. A razão era simples, Jesus não se encaixava na figura triunfalista do sistema escatológico mais aceito e mais popular. Afinal, como assim Jerusalém será destruída? Como assim sofreremos perseguições? Aquela geração se escandalizou com Jesus, e o rejeitou por causa da expectativa criada no povo por causa de um sistema escatológico equivocado.

Um outro sistema escatológico do primeiro século que era popular entre os Essênios da comunidade de Qumran e em certos círculos dos fariseus. Esse sistema reconhecia nas escrituras que havia um Messias servo (Isaías 52:13-53:12; Salmos 16:7–11) e um Messias vencedor (Salmos 2; Salmos 110). A grande dúvida era: Há dois Messias ou somente um? Se há dois Messias, virão eles ao mesmo tempo ou em tempos diferentes? Qual Messias virá primeiro? Podemos observar nas escrituras que João Batista tenta clarificar essa questão através de seus discípulos.

“Assim que, no cárcere, João ouviu falar sobre o que o Messias estava realizando, enviou dois dos seus discípulos para lhe perguntarem: “És tu Aquele que haveria de vir ou devemos aguardar outro?” Mateus 11.

A pergunta que fazemos diante da grande confusão causada mediante a muitas interpretações escatológicas e sobre nossos questionamentos sobre os tempos que Deus reservou para sua própria autoridade (Atos 1:6). Por que Deus permite várias interpretações e não fala diretamente e abertamente nas escrituras? Paulo escreveu que Deus em sua sabedoria decidiu que assim seria:

“Falamos da sabedoria de Deus, do mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das Eras, para a nossa glória que nenhum dos poderes desta Era conhecia; pois se soubessem, não teriam crucificado o Senhor da glória.” 1 Coríntios 2:7-8

A realidade é que Deus decidiu que nem todos deveriam saber de seus planos, muitos menos os principados e potestades. Dr. Heiner escreveu:

"A profecia é deliberadamente enigmática, porque é necessário manter os poderes das trevas sem entendê-las. Mesmo depois da ressurreição os discípulos não entenderam que o Messias deveria morrer e ressuscitar. Você não pode simplesmente ler o Antigo Testamento e entender certas coisas sem comparar textos e passagens. Por isso falei no passado sobre o mosaico messiânico.”

Por Mosaico messiânico o Dr. Heiser se refere à maneira como Deus dividiu em partes e distribuiu pelas escrituras através de diversos profetas em tempos distantes a mensagem sobre Messias. Essa é uma característica divina. Deus através de profecias e parábolas filtra aqueles que irão entender seu significado.

Mesmos os demônios que sabiam que Jesus era o filho de Deus não entendiam o plano de salvação. Eles esperavam que Jesus trouxesse o DIA DO SENHOR o que significava que eles seriam finalmente julgados e condenados, essa era a expectativa, tanto que eles clamavam por mais tempo: 

"E, de repente gritaram: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?” Mateus 8:25

Deus fala publicamente a todos, mas somente os que são dEle poderão entender a mensagem. Jesus, Deus encarnado, também fez o mesmo:

“E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” Mateus 13:10-13

"Disse-vos isto por parábolas; chega, porém, a hora em que não vos falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do Pai." João 16:25

Mesmos os profetas perguntavam e tentavam entender a mensagem profética e o tempo da mesma:

"Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar."1 Pedro 1:10-12

Ainda sobre as interpretações escatológicas Dr. Heiser continua: “Considere um exemplo diferente: o arrebatamento. Quando você estuda todas a possíveis referencias bíblicas que descrevem o retorno do Messias à terra, as descrições da sua vinda diferem entre si nos seus detalhes. Em algumas Jesus toca no chão (Zacarias 14:4) e vem como um guerreiro (Apocalipse 19:11-16), mas em outras, diz-se que Jesus voltará “no ar” e se encontra com os crentes, vivos e mortos, nos ares (1 Tess. 4:16-18). Embora o conteúdo de todas as passagens esteja intimamente relacionado (a volta de Jesus acontecerá), se o estudante da Bíblia toma a decisão de manter essas descrições separadas, surgem duas voltas de Jesus, em casos uma das quais foi descrita como a arrebatamento, e o outro como a segunda vinda. Mas é assim que lidamos com versos divergentes em outras partes da Bíblia?

Raramente. Quando dois incidentes ou descrições intimamente relacionadas nos Evangelhos discordam em si, os cristãos quase universalmente dizem que a solução é harmonizar as passagens. Adotar essa estratégia comum quando se trata de passagens sobre um retorno messiânico elimina sistematicamente um arrebatamento, pois a decisão de harmonizar produz apenas um retorno e não dois retornos. Então a pergunta se torna, você é um divisor ou um harmonizador? A Bíblia não contém nenhum manual de instruções para nos ajudar a fazer essa escolha - ficamos com ambiguidade sobre o assunto."

Encontrar-se com Jesus nos ares não é o mesmo que ir para o céu arrebatado. Segundo a leitura simples do texto 1 Tessalonissenses 4:17 que geralmente é considerado como arrebatamento aos céus é na verdade a tomada dos cristãos de sobre a terra e sua glorificação nos ares. Nenhum texto bíblico descreve que Jesus nos levará para viver no céu. A harmonização de 1 Tessalonicenses 4:17 com Mateus 25 nos dá o seguinte cenário: 

1.      Jesus aparece nos ares.

2.       Os que morreram com Cristo ressuscitam e são levados aos ares para se encontrarem com Cristo. 

3.       Os vivos com Cristo são transformados e são levados aos ares para se encontrarem com Cristo.

4.       Jesus desce e estabelece eu Reino eterno. 

Compare os passos acima com Mateus 25:31

"Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, ele se assentará em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda.”

Permanecendo nos ares, o planeta gira, e em 24 horas todo olho O verá se cumprindo Apocalipse 1:7. Através do encontro nos ares Jesus separa o joio do trigo, as ovelhas dos bodes. Os bodes e o joio ficam na terra enquanto as ovelhas é o trigo se encontram com o senhor nos ares. São os anjos que separam a igreja e a leva para encontrar com Jesus no ares. Mateus 25:31-41 e Mateus 13:24-46

Os tomados para encontrar-se com Jesus 1 Tessalonissenses 4:17 paracem não ser os mesmos tomados de Lucas 17:37 pois quando perguntado pelos discípulos sobre para onde irão os que serão tomados "...para onde Senhor?" Jesus não disse que eles foram tomados ao céus mas mas usou da expressão "Onde estiverem os cadávares, aí se reunirão os abutres." veja também Mateus 24:28. Em nenhum lugar na cultura judaica e nas escrituras, os abutres e cadáveres são figuras ou sinónimos divinos ou de algo bom. O presságio é ruim para os que serão tomados, Jesus se referia ao tomados pelo cerco a Jerusalém ao comparar com os tomados pelas águas do dilúvio. Doutra sorte se esse é um evento futuro compare com Apocalipse 19:17-18: 

"Avistei um outro anjo que se colocou em pé no sol, e que clamava em alta voz a todas as aves que estavam em pleno vôo pelo meio do céu: “Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia provida por Deus, a fim de comerdes a carne de reis, de comandantes, de poderosos, de cavalos e de seus cavaleiros, pequenos e grandes."

Em João 14:2 "Na casa de meu Pai há muitas moradas" Jesus não está ensinando que os crentes irão morar no céu ou muito menos serão arrebatados ao céus." Os discípulos entenderam o que Jesus disse, pois era uma espressão comum naquela cultura. Jesus estava apenas afirmando que voltaria para sua noiva. Para ler o artigo completo clique no link a seguir: Entenda de fato a parábola das dez virgens. 

Muito do que aceitamos como verdade sobre o arrebatamento são recentes e vem dos ensinos de John Darby 1800-1882 que é o criador da teoria das dispensações que foi popularizada pela Bíblia Scofield em seus comentários. Darby criou sua teoria da terceira vinda ou aparição de Jesus para dar suporte e justificar sua teoria das dispensações. Segundo Darby os judeus pertencem a dispensação da lei e só podem ser salvos pela lei, portanto a salvação dos Judeus apontada nas escrituras em Jeremias e principalmente por Paulo no livro de Romanos não poderia acontencer, segundo Darby, durante a dispensação da graça com a Igreja na terra. Darby tinha um problema para resolver pois sua teoria das dispensações se esbarrava no fato que os Judeus são salvos no tempo do fim, como está escrito em Romanos 11:26:

"E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: “Virá de Sião o redentor que desviará de Jacó a impiedade."

Para resolver esse problema Darby trapaceou criando um hiato bíblico, a ideia da "suspenção da graça", quando, de acordo com Darby, Deus removeria a Igreja da terra e suspenderia a sua graça por um período de 3 semanas e meia, até que o número determinado de Judeus se salvasse pela lei juntamente com crentes infiéis que aqui ficassem para sofrer na grande tribulação. Então, segundo Darby, Jesus viria por uma terceira vez, de forma definitiva estabelecer seu Reino sobre a terra. Essa trapaça escatológica foi criada para salvar o dispensacionalismo. 

O dispensacionalismo por si só é uma aberração teológica e ignora que a graça de Deus sempre esteve presente sobre a humanidade (leiam os Salmos) e também ignora que a igreja primitiva era formada em sua maioria por Judeus, sendo cada um deles salvo pela graça. Nas escrituras não há caminho de salvação pela Lei, os judeus nunca foram salvos por cumprirem a Lei essa ideia nunca existiu. Pelas escrituras sabemos que "E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque 'o justo viverá pela fé.' Gálatas 3:11. Portanto Darby estava mais uma vez equivocado.

Darby trapaceou ao criar uma terceira vinda de Jesus, a suspensão da graça, o atribuir aos Judeus salvação apenas pela lei, por afirmar que a última semana das setentas semanas de Daniel foi suspensa na ressurreição de Jesus para ser somente resumida dois mil anos depois, durante à chamada suspensão da graça quando, segundo Darby, a igreja é retirada da terra. Esses erros teológicos entre muitos outros foram produzidos por John Darby afim de estabelecer sua teoria das dispensações. Sim, John Darby distorceu as escrituras criando um arrebatamento falso aos céus afim solucionar problemas teólogicos na sua teoria do dispensacionalismo divino.

Intepretações triunfalistas são atrativas e enganosas. No primeiro século os Judeus não reconheceram à Jesus, o servo, por esperarem um Messias triunfante que os livrasse da tribulação daqueles dias. A maioria da igreja hoje prefere a interpretação triunfalista do arrebatamento aos céus que os livre da tribulação dos últimos dias. Essa expectativa baseada nos ensinos equivocados de Darby causará muitos escândalos na igreja. Crentes não suportarão a realidade das dores dos últimos dias e se escandalizarão ao perceberem que não foram livrados da tribulação por um arrebatamento milagroso. Assim como no primeiro século, muitos como Judas se sentiram traídos por Jesus ao perceberem que Ele iria morrer na cruz ao invés de livra-los da tribulação daqueles dias. O mais agravante para eles, o Messias que deveria libertar Jerusalém profetizou a destruição da mesma, a mensagem de Jesus, o servo, escandalizou a muitos. Da mesma forma em nossos tempos muitos perderão a fé quando em meio as dores das tribulações perceberem que o arrebatamento aos céus não veio. O livro de Apocalipse fala todo o tempo sobre ser fiel diante das dores e perseguições para ser galardoado, mas a igreja escolheu crer em sistema escatológico triunfalista, sem dores, e essa fé irá desapontá-los, pois não há nos evangelhos coroa sem cruz.

 Wesley Moreira