O ENIGMA DA ORAÇÃO NÃO RESPONDIDA


Viver pela fé não é mendigar o pão como missionário em alguma ilha do pacífico nem é deixar de trabalhar para frequentar a igreja 24/7. Viver pela fé é crer, contra o senso comum, que o 'NÃO' de Deus é tão bom quando o 'SIM'. É aceitar a vontade de Deus sabendo que Ele durante todo o tempo da nossa existencia está sempre tentando nos salvar de nós mesmos.


Abaixo eu transcrevi, com a devida autorização, um artigo de Richard Wurmbrand (foto) um pastor Romeno que em 1944, quando a União Soviética ocupou a Roménia, estabelecendo um regime comunista, começou um ministério para evangelizar seus compatriotas romenos e aos soldados do Exército Vermelho. Quando o governo tomou controle das igrejas, ele imediatamente começou uma igreja "subterrânea" para seu povo. 

Wesley Moreira

O ENIGMA DA ORAÇÃO NÃO RESPONDIDA
"... guardai-vos dos ídolos" (1 Jo 5.21)
Nas prisões comunistas da Romênia, podíamos ouvir quando os guardas espancavam e torturavam os outros presos. Ouvíamos os gemidos e os gritos dos que eram torturados no meio da noite. Aqueles prisioneiros oravam a Deus pedindo ajuda, mas as surras continuavam e muitos não resistiam e acabavam morrendo de tanto apanhar. Parecia que as suas orações tinham sido em vão.

Era o enigma das orações não respondidas. Muitos de vocês têm problemas em suas famílias e oram constantemente sobre eles, mas de alguma forma suas orações continuam sem resposta.

Isto vai minando a fé de muitos e alguns acabam desistindo. Desistem de Deus. E Por que? Desistiram porque o Deus deles era um ídolo. Acreditavam num Deus menino de recado. Muitos de nós cremos assim. Todas as manhãs dizemos a Ele em oração: "Querido Deus, bom dia. Por favor, faça isto, faça aquilo, e cuide da minha saúde e da saúde da minha família."


Os que acreditavam num Deus menino de recado possuam um ídolo. E esse ídolo falhou; não deu conta do recado. Quando Jesus esteve na terra, ele orou com lágrimas:
"Pai, se for da tua vontade, afasta de mim este cálice"
Mas o cálice não foi afastado. Por fim, Jesus falou:
"Seja feita não a minha, mas a tua vontade" (Lc 22.42)
Assim como houve uma diferença entre a vontade do Pai e a vontade do seu Filho amado, da mesma forma havera uma diferença entre a vontade do Pai e a sua vontade. Mas é a vontade dEle que tem de ser cumprida, não a nossa.

Eu e muitos outros sofremos para entender isto. Quem sabe eu possa ajudar vocês contando a que conclusão chegamos e que luz recebemos. 

Na Rússia comunista, nos quartéis da KGB, havia um major chamado Nadionoff. Se a polícia prendia alguém da igreja subterrânea, eles tentavam obrigá-lo a revelar nomes para poderem prender outras pessoas. O Major Nadionoff era o encarregado de torturar os jovens. Se uma menina ou uma moça se negava a revelar os segredos da igreja, o Major Nadionoff tinha somente uma tarefa. Ele jamais somente estuprava uma garota; ele fazia pior do que isso.

Havia uma jovem, batista, frágil, de 17 ou 18 anos de idade, que fora presa. Ela não cedeu às torturas. Por isso lhe disseram que ela seria entregue nas mãos de Nadionoff. Mas ela não entendeu a princípio o que eles queriam dizer, então eles a explicaram o terror lhe sobreviria. 

Ela estava só em sua cela, quando a porta se abriu e Nadionoff entrou. Aqueles que o conheceram dizem que ele parecia um gorila, corpulento e muito, muito feio. Ela ficou apavorada só de olhar nos olhos dele. Mãos enormes como as de um açougueiro, aproximaram-se dela. Ela podia perceber o prazer estampado em seu rosto, a satisfação que ele antecipava, como ele desejava satisfazer a própria lascívia.

A reação natural de qualquer moça na situação dela seria tentar se defender. Seria natural espremer-se contra a parede, empurrá-lo para longe, dar-lhe pontapés, ou até gritar. Mesmo que nada adiantasse essa seria a reação mais natural. Mas aquela moça não pertencia mais ao natural. Ela pertencia à família de Deus, cujo membros tem reações totalmente diferentes.

Ela fez uma coisa surpreendente. Caminhou na direção dele com um sorriso no rosto. Queridos irmãos e irmãs, eu gostaria que vocês pudessem ver o sorriso da igreja subterrânea, a igreja perseguida, é uma tristeza carregada com um lindo sorriso de quem tem paz que excede a todo entendimento.

A menina foi na direção do homem de quem ela esperava o pior, com um sorriso no rosto, e lhe falou: "Eu amo você."

Ele se deteve estupefato. Ela continuou: "Não se espante. Se você pudesse visitar a nossa igreja, você ia ver quantas pessoas poderiam te amar. Não acredite no espelho que você é feio. Isso não é verdade. Você tem um tesouro que não tem preço em seu coração. Você é tão valioso que o Filho de Deus deixou o céu e todo o seu esplendor porque Ele ama você. Ele o ama e quer que você vá morar com Ele no céu."

Não tenho como repetir cada palavra que ela falou, mas ela levou aquele homem a Cristo. Ele saiu daquela cela correndo, sem toca-la em nenhum momento. Ele se converteu, e foi expulso da polícia que resolveu matá-lo. A policia comunista queria que tudo parecesse um suicídio, e agiram rápido na casa de Nadionoff e fugiram em seguida.

Logo que eles fugiram, aconteceu que alguns irmãos que tinham ouvido falar da conversão dele foram visitá-lo e o encontraram pendurado pelo pescoço. Cortaram a corda e conseguiram salvar lhe a vida. Ele se tornou membro da igreja subterranêa.

Que linda história! É preciso existir o lado do mal para que a beleza possa brilhar. Sem aqueles que deram os açoites e sem aqueles que enfiaram os cravos nas mãos e pés de Jesus, a história da sua ressurreição e ascensão, e da nossa salvação não teria acontecido.

Aquela pobre menina orou para não ser entregue nas mãos de Nadionoff. Qualquer um de nós teria orado do mesmo jeito. Se ela não tivesse sido entregue, a salvação de Nadionoff não teria acontecido e, por meio dele, quem sabe de quantos mais.

Foi isso que aprendemos na prisão: que há propósito no nosso sofrimento e há também um propósito maior e melhor quando nossas orações não são respondidas. Lembre-se das palavras de Jesus:
"Seja feita não a minha, mas a tua vontade."
Richard Wurmbrand, é o autor de "Torturado por Amor a Cristo" e outros livros. Morreu no dia 17 de fevereiro de 2001, com 91 anos de idade.

Este artigo foi reproduzido com permissão do site www.persecution.com