Desde o
Antigo Testamento a Bíblia ordena o amar ao próximo, o que não envolve em
nenhum gênero e grau o uso dos órgãos reprodutivos e digestivos no
processo.
A Bíblia
não confunde a palavra "amor" com a palavra "sexo" como
propositalmente e deliberadamente fazem os sociopatas da engenharia social.
Portanto o amor de Davi e Jônatas é somente isso, amor. A Bíblia nunca se
refere ao ato sexual como "amor" por óbvias questões linguísticas e
culturais.
Tanto Davi
como Jônatas se casaram e foram pais de muitas crianças, Davi mostrou ser um
incontinente heterossexual no caso de Bate-Seba.
Nós não
estamos obrigados a encontrar provas de que Davi e Jônatas não eram amantes
homossexuais. Certamente que o estado presuntivo e o ônus da prova recai sobre
aqueles que afirmam que eles eram amantes. Os socialistas só podem apontar para
declarações na Bíblia que falam de quão amigos eles eram o que é perfeitamente
explicado pelo vínculo espiritual que sentiam, nada mais pode ser assumido sem
que haja a má intenção de agregar ao que não está escrito.
Quem
argumenta que Davi e Jônatas eram amantes gays está lendo algo no texto que não
está lá. Isso diz mais sobre a intenção do leitor do que do texto em si.
Mesmo que
o ônus da prova recai sobre aqueles que acusam Davi e Jônatas da prática
homossexual, para fins de estudo, abaixo faço algumas observações sobre o
contexto:
O contexto
que levou Davi a escolher o termo "mais que amor de mulheres" se dá
no seguinte cenário. Davi ganha o direito de se casar com Mical ao vencer
Golias, muito mais do que o romantismo infantil de como olhamos para esse
acontecimento nada há de romântico no evento, mas sim diplomático. Por causa da
linguagem religiosa usada pelos tradutores tendemos a mistificar e romantizar
demasiadamente a Bíblia. Casar com a filha do Rei significaria que Mical
serviria de interlocutora política entre Davi e Saul pelos interesses de seu
esposo na corte real, exatamente como aconteceria se Mical houvesse casado com
algum príncipe de outro reino. Por razões óbvias Saul estaria mais inclinado a
ouvir e atender aos pedidos que viriam de sua filha. Casar-se com Mical deu a
Davi um lugar entre a nobreza, mas ainda havia 3 barreiras políticas entre Davi
e o trono: Saul, o herdeiro do trono que era Jônatas e as tribos do Norte que
eram fieis a Saul. Qualquer ato de Davi contra Saul lhe custaria sua
"candidatura" ao trono, Davi que a princípio só contava com o apoio
das tribos de Benjamim e Judá precisava também do apoio das outras tribos,
portanto remover a Saul diretamente “tocando no ungido” estava definitivamente
fora de questão pois dividiria a nação. Davi planejava se apoderar do trono sem
tocar em Saul ou seja, sem voltar as tribos do norte contra si. Deixar de
"tocar no ungido" não era uma doutrina de subserviência seguida por
Davi, como querem os autoritaristas carismáticos, mas uma questão de diplomacia
e bom senso político, em favor de um Israel unido. A unção de Saul foi pública,
diante de todo Israel, enquanto que a unção de Davi foi secreta, às escondidas,
e coube a Davi ganhar o coração do povo sem o apoio público do prestigioso
profeta Samuel. Exatamente por isso foi vital para os planos de Davi que Saul
se desgastasse publicamente como líder diante das tribos e do seu exército nas
vezes em que publicamente perseguiu a Davi. Nas cruzadas contra Davi a voz
Jônatas em favor de seu amigo estava sempre na consciência de Saul.
Jônatas
por sua vez havia percebido que o carisma de Davi crescia entre as tribos e
desenvolveu uma estratégia diferente de seu pai Saul que preferiu tentar
eliminar a Davi e cair no desgaste da desaprovação popular no processo. Jônatas
faz um pacto diplomático com Davi em 1 Sam 18:4, do significado dos presentes,
nesse pacto Jônatas jura ser o interlocutor entre Davi e Saul tomando o lugar
de Mical em troca Davi protegeria a Jônatas e seus descendentes ao se tornar
Rei de Israel. Era comum naqueles dias que o Rei eliminasse possíveis
candidatos ao chegar ao trono, e Jônatas sabia que não possuía o carisma de
Davi para ser e permanecer Rei. Foi um golpe de mestre de Jônatas a aliança
feita com Davi, pois mesmo que Saul permanecesse no trono, ele teria a sua
segurança e de sua família garantida. Jônatas faz por Davi aquilo que Mical não
fez. Jônatas defende Davi de Saul, protege Davi de Saul, e ainda conspira com
Davi contra Saul, papeis estes que seriam de Mical, e ao longo do relato
bíblico Jônatas abdica efetivamente seu direito natural ao trono em favor de
Davi.
Quanto a
Mical ela perdeu prestigio e influencia quando Davi favoreceu a diplomacia
feita pelo cunhado Jônatas, seu irmão, e os eventos que se seguiram mostram que
Mical nunca perdoou Davi. Em 2 Samuel 6 foi registrado "E Davi saltava com
todas as suas forças diante do Senhor; e estava Davi cingido de um éfode de
linho e Mical, a esposa do rei Davi repreendeu-o amargamente, e desprezou-o em
seu coração."
A união
das tribos era vital tanto para Saul como para Davi, e Jônatas provou ser um
tremendo aliado de Davi no seu relacionamento com as 10 tribos do Norte, o
apoio à Casa de Davi pelas tribos do norte sempre foi débil e veio a romper-se
de vez com Roboão. As tribos do Norte que apoiavam a casa de Saul são as
mesmas tribos que se dividiram e vieram a formar o reino de Israel (Norte)
enquanto que Judá e Benjamim (Sul) permaneceram com a Casa de Davi formando o
reino de Judá.
Reafirmo
que Davi dificilmente chegaria a ser Rei de um Israel unido sem a ajuda de Jônatas
que foi vital nesse processo político. Em 2 Samuel, 1:26 Davi em luto por Jônatas
faz referência à esse fato dizendo "Angustiado estou por ti, meu irmão
Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o
amor das mulheres."
Essas
manobras e pactos políticos eram comum na mesopotâmia antiga como o são nos
dias de hoje, estudar história e antropologia não faz mal algum ao estudante da
Bíblia. O que faz mal é sair com tiradas idiotas feitas a partir de leituras
ideológicas e romantizadas. Nesse ponto certos teólogos são iguais aos da
"turma da prosperidade", instrumentalizando a Bíblia para provar suas
ideologias.
O Amor na
Bíblia definitivamente não reflete a mesma ideia de amor dessa nossa sociedade
em decomposição. A Bíblia distingue amor de sexo o tempo todo, e sempre associa
sexo à reprodução da espécie. Mas aos mal-intencionados lhes convém confundir
sexo e amor.
Wesley Moreira
Wesley Moreira