Entrevista de Theodore
Dalrymple sobre o seu livro "Nossa Cultura e o que sobrou dela.
O Dr. Theodore Dalrymple foi entrevistado pela revista FrontPage. Dalrymple, é um escritor Inglês e trabalhou como médico também em prisões e como psiquiatra. Ele trabalhou em uma série de países na África Subsaariana, bem como no East End de Londres. Antes de sua aposentadoria, em 2005, ele trabalhou na City Hospital, Birmingham e Winson Prison Green no interior da cidade de Birmingham, Inglaterra. Dr. Theodore Dalrymple é colaborador do City Journal.
Jamie Glazov: Dr. Theodore Dalrymple,
bem-vindo. É um prazer tê-lo conosco.
Dalrymple: Muito obrigado por
ter me convidado.
Jamie Glazov: É difícil saber por onde
começar Dr. Dalrymple, pois seus ensaios evocam tantos temas profundos.
Eu acho que podemos começar
com suas observações sobre as causas profundas de muitos dos nossos males
sociais. Você dissserta de como em sua prática, como médico, você foi confrontado
com uma crescente patologia cada vez maior em nossa cultura, dentro da qual há
um pressuposto de que "o estado de espírito de uma pessoa, ou seu humor, é
ou deveria ser independente da forma como essa pessoa vive a sua vida."
Você conecta isso à pessoas confundindo a infelicidade com a depressão. Você
pode falar um pouco sobre isso?
Dalrymple: Tenho notado o
desaparecimento da palavra "infeliz" do uso comum, sendo substituída
pela palavra "deprimido." Enquanto a infelicidade é um estado de
espírito que é claramente o resultado das circunstâncias da vida de uma pessoa,
enquanto auto-infligida ou infligida por circunstâncias além do controle da
pessoa, ou uma mistura de ambos. A depressão, por sua vez, é uma doença que é
de responsabilidade do médico curar. Isto é assim, no entanto, ninguém quer
passar a ser líder da vida do outro. E o médico, intimado a não passar nenhum
julgamento que poderia ser interpretado como moral aos seus pacientes, não tem
outra opção, mas "fazer vista grossa" à esse engano. O resultado é o
excesso de receita bruta em medicação contra a depressão, sem qualquer redução na
infelicidade do paciente.
Como você colocou, há uma
completa desconexão entre o seu estado de espírito e a forma como se vive. Além
disso, a pessoa não tem o direito à busca da felicidade, a pessoa tem o direito
à sua própria felicidade.
Decidi, por uma questão de experiência,
que essas atitudes são muito destrutivas e - não surpreendentemente - levam a
um monte de miséria sobre as quais um mero médico não pode fazer nada, pelo
menos, sem fazer julgamentos.
Jamie Glazov: Em sua discussão sobre o
mal, você observa um fenômeno central: "a elevação da trasnferencia de
prazer de uma pessoas para si mesmo diante da miséria à longo prazo de outra
pessoa que lhe deve algo." Por favor, nos dê alguns dos seus pensamentos
sobre esta realidade.
Dalrymple: A idéia de que o
prazer ou desejo momentâneo de uma pessoa é a única coisa que conta, irá
leva-la a um comportamento anti-social. Deixe-me dar um pequeno e aparentemente
trivial exemplo disso.
Cerca de metade dos lares
britânicos já não têm uma mesa de jantar. As pessoas não comem as refeições
juntas - elas pastam, encontram o que querem na geladeira, e se acomodam para
comer solitariamente, sempre que lhes apetecer (que normalmente é muitas
vezes), independentemente das outras pessoas no agregado familiar.
Isso significa que elas nunca
aprenderam que comer é uma atividade social (muitos dos prisioneiros na prisão
em que eu trabalhei nunca em toda a sua vida tinha comido em uma mesa com outra
pessoa); eles nunca aprenderam a disciplinar sua conduta; eles nunca aprenderam
que o estado de seu apetite em qualquer momento não deve ser a única consideração
a tomar quando decidir a comer ou não. Em outras palavras, o próprio estado
interior de uma pessoa é muito importante até na decisão de como comer. E este
é o modelo para todos os seus comportamentos.
Pacientes jovens agora comem
nos consultórios médicos; eles comem, sobretudo, na rua, onde é claro que eles
jogam seus restos nas ruas como cavalos defecando. Este não é o mal, embora
seja anti-social, mas você pode facilmente ver como as pessoas que atribuem
tanta importância para os seus próprios desejos, mas não têm qualquer outro
critério para ajudá-los a decidir a como se comportar, venham a praticar o mal.
Jamie Glazov: A sua observação sobre os
seres humanos e "a emoção do perigo e como este se inter-relaciona com os
seres humanos" e " o padrão de auto-destruição e a escolha voluntária
de miséria é muito profunda". Você
poderia compartilhar seus pensamentos sobre esses temas?
Dalrymple: É claro para mim
que as pessoas muitas vezes querem as coisas incompatíveis a elas. Elas querem
perigo e emoção, por um lado, e segurança e proteção por outro, e muitas vezes
as querem simultaneamente. Desejos contraditórios significam que a vida nunca
pôde ser totalmente satisfatória ou sem frustração.
Acho que foi Dostoievski, que
disse que, mesmo se o governo fosse 100 por cento benevolente e todo organizado
para o nosso próprio bem, conforme avaliado por critérios racionais, deveríamos
ainda querem exercer a nossa liberdade, indo contra o sistema em ordem.
Uma das razões para a epidemia
de autodestruição que atingiu os britanicos, se não a totalidade da sociedade
ocidental, é a prevenção ao tédio. Para as pessoas que não têm nenhum propósito
transcendente para as suas vidas e não podem inventar um propósito afim de
contribuir para uma tradição cultural (por exemplo), ou seja, que não têm
nenhuma crença religiosa e não há interesses intelectuais em estimular-se a
elas, a auto-destruição e a criação de crises na sua vida é uma maneira de
afastar o sentimento de "falta de propósito". Tenho notado, por
exemplo, que as mulheres que frequentemente falam mau de homens - ou seja,
homens que são, obviamente, não confiáveis, bêbados, viciados em drogas,
criminosos, ou violentos, ou tudo isso junto, muitas vezes tiveram experiência
com homens decentes que as tratavam bem e com respeito, e assim por diante: mas
são justamente com esses os únicos com quem seus relacionamentos duraram um
menor espaço de tempo, justamente porque se entediaram com a decência. Sem
religião ou cultura (e aqui eu quero dizer da alta ou mais alta cultura) o mal
é muito atraente. O mau não é chato.
Jamie Glazov: Você mencionou que seu pai
era um comunista. Conte-nos sobre sua visão de mundo e como isso afetou sua
família e sua própria jornada intelectual.
Dalrymple: Meu pai era um
comunista embora também fosse um homem de negócios. Nossa casa estava cheia de
literatura comunista dos anos 30 e 40, e eu me lembro de autores como
Plekhanov, Maurice Hindus e Edgar Snow. Sempre foi claro que a preocupação de
meu pai para com a humanidade não era sempre acompanhada por sua preocupação
para com os homens, para dizer o mínimo, para quem (como indivíduos), ele
muitas vezes expressava desprezo. Ele tinha dificuldade para entrar numa
relação em igualdade com qualquer um, e preferia ser o “Stalin do Molotov”
deles. Tinhamos um "The Short Course" em casa, aliás, era um dos meus
livros favoritos (que eu costumava folhear quando criança) era um livrocom
vastas imagens da União Soviética em 1947.
(The Short Course: Popularmente
conhecido como "o Curso de curta duração", foi o livro mais
amplamente divulgado durante o governo de Joseph Stalin representando a
ideologia do stalinismo, que o próprio Stalin no livro chamado "marxismo-leninismo”.)
Eu acho que a grande disjunção
entre as idéias do meu pai expressas (e ideais) e sua conduta cotidiana me
afetou, e me fez desconfiar de pessoas com grandes esquemas para a melhoria
universal.
Jamie Glazov: Você menciona como Lenin
não queria mais ouvir Beethoven porque a música, uma vez, o fez querer passar a
mão sobre a cabeça das crianças, um comportamento que não é compatível com um líder de um culto da morte. Eu sempre fui interessado em que, e como, a música
representa um grande perigo para o totalitarismo. Hoje, de cara ao Islamismo,
sabemos que esse inimigo mortal também despreza a música (o Talibã) ou a
maioria dos tipos de música (Khomeini). O que você acha que há na música que
tanto ameaçe às ideologias totalitárias?
Dalrymple: A musica escapa da
caracterização ideológica. Assim como existem alguns cientistas sociais que
acreditam que o que não pode ser medido, não existe verdadeiramente, e alguns
psicólogos costumavam acreditar que a consciência não existe, porque não pode
ser observada por instrumentos, da mesma forma ideólogos acham que qualquer
coisa que escape do seu quadro conceptual é uma ameaça - porque ideólogos sempre
querem um princípio simples, ou alguns princípios simples, pelo qual todas as
coisas possam ser julgadas. Quando eu era estudante, eu vivi com um
materialista dialético linha-dura que costumava dizer que Schubert foi um
pequeno pessimista burguês típico, cuja música se extinguiria uma vez que as
causas objetivas para o seu pessimismo deixassem de existir. Mas eu suspeito
que mesmo ele não estava completamente feliz com esta formulação.
Jamie Glazov: Você menciona como o
aristocrata francês do século 19, o Marquês de Custine, fez várias e profundas
observações sobre como os guardas de fronteira da Rússia o fizeram perder tempo,
levando grosseiramente de departamento em departamento de maneiras estúpidas e
inúteis, e que isso está ligado à falta de poder que os seres humanos vivem sob
o autoritarismo. Conte-nos um pouco mais de como essa dinâmica funciona na Rússia.
Dalrymple: No que diz respeito
à Rússia, eu não sou um especialista, mas eu tenho um interesse no país. Eu
acredito que é necessário estudar a história da Rússia do século 19 para
entender o mundo moderno. Eu suspeito que a característica do autoritarismo
russo precede a era soviética (se você ler Custine, você ficará surpreso com o
quanto do que ele observou prefigura a era soviética, naturalmente,
multiplicando-se as tendências mil vezes).
Suponho que as pessoas que sentem
pouco controle sobre suas próprias vidas ou destinos pode obter uma minúscula
sensação de controle, ao interferir na vida dos outros de formas minúsculas.
Tenho notado que muitos dos homens que são violentamente ditatoriais em casa
muitas vezes valem pouco, uma vez que eles passam do seu próprio limite. Eles
são os Stalins de sua própria casa.
Aliás, Custine chamava
Nicholas I de "águia e
inseto." Eu acho que isso é uma caracterização brilhante para os ditadores
que aspiram poder mundial, mas que também precisam interferir nos detalhes mais
ínfimos e mais íntimos da existência de seus cidadãos.
Jamie Glazov: Você faz a perspicaz
observação de como o Politicamente Correto gera o mal por causa da "violência que
ele faz para a alma das pessoas, forçando-as a dizer ou insinuar o que eles não
acreditam, mas não devem questionar." Você pode falar um pouco sobre isso?
Dalrymple: O Politicamente
Correto é a propaganda comunista em letras
miúdas. Em meu estudo das sociedades comunistas, eu cheguei à conclusão de que
o propósito da propaganda comunista não era persuadir ou convencer, nem era
para informar, mas para humilhar; e, portanto, o quanto menos ela correspondia
à realidade, melhor. Quando as pessoas são forçadas a permanecer em silêncio
quando elas estão sendo informadas das mentiras mais evidentes, ou ainda pior,
quando elas são forçadas a repetir as mentiras elas mesmas, perdem de uma vez
por todas o seu sentido de probidade. (Probidade: Integridade de caráter;
honestidade e honradez.) Concordar com mentiras óbvias é cooperar com o mal, e
de alguma maneira menor, tornar-se a si
mesmo no mal. O que está de pé para resistir a qualquer coisa sofre erosão, e é
até mesmo destruído. Uma sociedade de mentirosos depravados é fácil de
controlar. Eu acho que se você examinar o Politicamente Correto, ele é
destinado a ter o mesmo efeito.
Jamie Glazov: Você expôs como Custine
observou as "ruas largas" de São Petersburgo e que estes espaços
foram construídos dessa maneira intencionalmente para negar a possibilidade de
espontaneidade entre os cidadãos e das multidões que parecia ser grande. Era
uma maneira de impedir a possibilidade de revolução? Você pode se estender
sobre isso um pouco?
Dalrymple: Custine pensou que
a arquitetura - ou melhor, o planejamento da cidade de St Petersburg fez com
que o ajuntamento de multidões fossem muito visível, e, portanto, um alvo. Ele
achava que as pessoas não podiam se reunir espontaneamente lá como elas
poderiam, digamos, em cidades com ruas estreitas e becos. Ele também achava que
a grandeza foi uma tentativa de impressionar o cidadão, de como pequeno e
insignificante ele era, e como poderoso e importante o estado era. Se ele
estava certo ou não em relação à Petersburg (outras explicações sobre a sua
grandeza são possíveis), foi definitivamente uma lição aprendida pelo
construtor da Pyongyang moderna, que por exemplo, teve senso de grandeza é
certo, mas não ao gosto dos construtores de Petersburgo.
Jamie Glazov: Você tem um ensaio
fascinante em sua coleção "Por que Havana teve que morrer?". Poderia
resumir a tese principal em poucas frases?
Dalrymple: Havana é uma das
mais belas cidades do mundo, e tem talvez o conjunto mais harmonioso de
arquitetura dentre o século 16 (mais raramente) à meados do século 20. Além
disso, a área sobre o qual essa harmonia se estende é muito grande (ou seja,
não é que se aplica a uma pequena população ou elite). Por isso, a cidade
contradiz inteiramente com a historiografia comunista ortodoxa de Cuba como uma
sociedade subdesenvolvida e com uma pequena classe rica e todos os outros
profundamente empobrecidos. Assim que era mais seguro, do ponto de vista de
Fidel Castro, que Havana se tornasse em ruínas do que mantê-la (aparte da
incapacidade de manutenção).
Deve-se admitir que ruínas têm
um charme próprio (para visitantes).
Jamie Glazov: islamistas e esquerdistas
têm muitas coisas em comum. Um deles é que eles são miseráveis, odeiam a vida e
vêem o ânimo e a alegria como inimigos perigosos. Você comentou que "a
aceitação das limitações inerentes à existência são essenciais para a
felicidade." Você pode nos iluminar um pouco sobre a vida em geral, e
também conecta-la à natureza tóxica do Islamismo e do esquerdismo?
Dalrymple: Eu tomo isso como é
dado que o homem, tendo desejos contraditórios, está sempre sujeito à
frustração, mesmo quando feliz. Por exemplo, queremos a aventura e a segurança,
e quando temos o que almejamos, queremos o outro. Todas as formas de felicidade
humana contêm em si as sementes de sua própria decomposição.
O homem moderno em particular
- ou assim me parece - é particularmente ruim em reconhecer que grande parte de
sua infelicidade ou insatisfação decorre desta fonte inevitável. Em vez disso,
ele culpa a estrutura da sociedade e pensa que a perfeição que irá resolver
todas as contradições e eliminar todas as frustrações pode ser alcançada, se
somente abolirmos a propriedade privada ou seguirmos o exemplo dos discípulos
de Maomé no século 7. A tentativa de forçar outras pessoas a aderir a essas
ideias dá sentido à sua existência, e, claro, há um monte de prazer sádico
nessa barganha
Jamie Glazov: Você salientou que Alfred
Kinsey tinha perfurado seu próprio prepúcio e colocado fios de metal em sua
uretra. Eu tinha ouvido ecos de coisas assim ao longo de minha vida, mas nunca
as investiguei - pois a própria idéia dessa realidade me assusta. Mas agora eu
não deixar de perguntar: por que ele fez isso? Quem no seu perfeito juízo iria
fazer isso? Qual era o objetivo?
Dalrymple: Alfred Kinsey era
um homem muito estranho. Ele foi reprimido sexualmente até uma idade bastante tarde,
e em seguida, expressou sua sexualidade de formas cada vez mais bizarras à
medida que envelhecia. Era um caso clássico do crescente na alimentação. Uma
vez que você esta na "esteira de exploração das sensações” como a chave
para o contentamento, você tem que experimentar coisas mais e mais extremas.
Acho que isso explica a lógica da produção artística e como a palavra
'transgressor' torna-se um termo de louvor.
Jamie Glazov: Você tem um fascinante
ensaio neste livro: "Quem matou a Infância?" Ali você ilumina
profundamente sobre a "egoística incapacidade de sentir, compensada por
uma aparência exterior." Você conecta isso à morte na infância. Você
poderia falar sobre isso?
Dalrymple: Infância em grandes
partes da Grã-Bretanha moderna, em qualquer medida, foi substituída pela idade
adulta prematura, ou melhor, pela adolescência. As crianças crescem muito
rápido, mas não vão muito longe. É por isso que é possível hoje, que meninos de
14 anos estabeleçam amizades com jovens de 26 anos de idade - porque que eles
sabem com a idade de 14 tudo que eles iriam um dia saber.
É importante neste ambiente se
mostrar com conhecedor ou sábio, caso contrário, você será tomado como fraco e
explorado de acordo com sua ignorancia. Assim, sentimentos de uns aos outros
não se desenvolvem. Além disso, o modelo de disciplina nas casas mudou, com o
colapso completo da família (no meu hospital, se não fosse pelos imigrantes
indianos, a taxa de ilegitimidade das crianças nascidas deveria ser 100 por
cento). As crianças crescem agora em circunstâncias em que a disciplina é
meramente uma questão de impor a vontade de uma pessoa a outra, é pura potência
desprovida de princípio. A pergunta de Lenin - Quem ou o que faz o quê, e a
quem? - é toda a base das relações humanas na familia moderna.
Jamie Glazov: Você discute o sofrimento
horrível que mulheres sofrem sob as estruturas cruéis e sádicas do
"apartheid de sexo" no Islã. Você toca no silêncio assustador das
feministas esquerdistas ocidentais sobre a questão, observando que "quando
duas devoções - feminismo e multi-culturalismo - entram em conflito, a única
forma de preservar as duas é através de um silêncio indecente".
Para ter certeza, a esquerda
tem por muito tempo posado como a grande defensora dos direitos das mulheres,
direitos dos homossexuais, direitos das minorias, direitos democráticos, etc.
No entanto, hoje, ela estendeu a mão em solidariedade aos mais fascistas
odiadores de mulheres, odiadores de gays, odiadores de minoritas e da
democracia em vigor na face da terra - o Islamismo.
O que houve? Nada realmente
novo, não é? (Ou seja, peregrinações de políticos de esquerda para gulags
comunistas etc.)
Dalrymple: Eu acho que o
problema aqui é um de uma auto-imagem desejada. A tolerância é a maior virtude
moral e o espírito de abertura a maior virtude intelectual. Além disso, nenhuma
pessoa decente pode desconhecer o direito das mulheres. As pessoas, portanto,
querem ser tanto multiculturalistas e feministas. Mas o multiculturalismo e
feminismo obviamente se chocam; portanto, você evita a necessidade de desistir
de um ou de outro apenas por ignorar os fenômenos. Como você se sente sobre si
mesmo é mais importante para você do que o estado atual do mundo.
Jamie Glazov: Como você vê o futuro no
contexto da guerra ao terror em geral, e da guerra no Iraque, em particular?
Você é otimista ou pessimista? Dê-nos alguma esperança, por favor.
Dalrymple: Eu não sou de fato
muito otimista à curto prazo. Na melhor das hipóteses faremos uma acomodação
com a possibilidade da ação extremista, em outras palavras, vamos aprender a
viver com ela. Eu acho que as condições que produzem o terrorismo não vão
desaparecer, e eu não acredito na vitória final, apenas no atrito e no fato de
que todas as coisas passam no final.
Em certo sentido, sou otimista
quando não acredito que o terrorismo do tipo que vimos em Londres nunca irá
alcançar o seu objetivo. Infelizmente, o terrorismo pode causar uma enorme quantidade
de danos por agora.
Jamie Glazov: Mr. Dalrymple, devo dizer
que é um verdadeiro prazer e honra de falar com você. Você é uma pessoa
fascinante, com infinita sabedoria. Obrigado por nos agraciar com a sua
presença.
Dalrymple: Obrigado pelas
perguntas. Foi um grande prazer e uma honra.