A CRUZ

A primeira palavra de evangelismo que recebi em minha vida já se vã sedução. O "aceita Jesus que tudo melhora" parecia irresistível . Esse Jesus-garrafada (que  cura tudo automaticamente) é comercializado em escala industrial em todos os meios de comunicação compráveis.

Foi logo cedo na fé que me decepcionei com esse Jesus-garrafada não o conseguia encontrar nas escrituras nem na vida, pois ele só existia na boca de quem ganhava a vida através dele. Era um Jesus que só curava em templos, somente falava através de certos homens e estava mais interessado em quantidades que em qualidades.

O Jesus que encontrei na palavra, era um Jesus que fazia sentido com a vida, com nossa comunidade, com nossa humanidade. Um Jesus que curava a dor e que usava a dor para curar, que estava sempre presente no coração de quem cria e também se manifestava entre somente dois ou tres reunidos em nome dEle em qualquer lugar.que fosse. Também esse Jesus falava e ouvia com ou para qualquer um que ousasse em Seu nome orar. O convite dEle era bem diferente "Quem quiser vir após mim tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24) depois do susto de realidade que passei ao descobrir que o que pesava em meus ombros era a minha cruz  própria cruz , a  cruz da responsabilidade de existir comecei a segui-Lo, pois para onde eu levaria a minha própria cruz senão após Ele. Entendi que cada ser humando nesse planeta tem sua própria cruz a carregar, desde que nascem até o dia em que morrem, seja após Jesus ou por outro caminho nossa cruz carregamos nós mesmos.

Ao caminhar após Ele pude ver sua própria cruz, aquela que Ele determinou carregar por nós, de graça, por amor e paixão.  Uma cruz que não era dEle mas Ele levou por todos nós. A responsabilidade de SER, de existir em amor, de levar as cargas uns dos outros é vista ali mesmo, naquela cruz, que ele arrastou pelas empoeiradas ruas de Jerusalém, ali Deus carregava uma carga que era minha, sua, nossa e de todos nós.  Agora a minha cruz já não é mais tão pesada, pois é somente a minha.

O convite de Jesus é o da responsabilidade de sermos aquilo para o qual nascemos. Foi na resposta da boca do assassino Caim à Deus que a verdade se instalou na incosciência humana, a saber, que somos os guardadores dos nossos irmãos nessa terra" (Gn. 4:9). Não somente os irmão de sangue, os do clube, da igreja ou do clube-igreja, mas todos somos guardadores uns dos outros e é o sangue de nossos irmão  que Deus requererá de nossas mãos. Essas não são palavras legalistas, as mesmas foram proferidas  pelos lábios do autor da graça, Jesus,  quando este disse que sente a sêde dos sedentos, a nudez do pelado, a fome do faminto, a  insegurança do imigrante, a dor do enfermo e a solidão do enclausurado. Ele se relaciona com nossos irmãos de modo que aquele que quer agradar a Deus ao qual não pode ver nem tocar, que abençõe a seu irmão que pode ver e tocar. (Mateus 25:34)

Portanto se eu quiser evangelizar devo levar no coração e na bagagem a mensagem certa. Na boca levo a verdade que ensina "que Deus através de Jesus se ralaciona com nossa dor nessa vida" e na bagagem o pão para alimentar, o cobertor para cobrir, a  água para hidratar, o ombro para oferecer, as lagrimas para se compadecer e o joelhos para interceder. O Jesus verdadeiro só existe através da vida daqueles que com sua cruz ao ombro se propõem a a ajudar a carregar a cruz do próximo.

Se a boa nova é que Deus se reconcilou com o mundo, que eu seja então a prova viva dessa reconciliação.

Wesley Moreira