DOAR SEM DOER É O DESAFIO

É fantastico que o apóstolo Paulo relacione a aquiescência, a fluência, a naturalidade e a espontaneidade da alegria com as contribuições na igreja. Não se pode forçar a alegria sobre ninguém assim como não se pode forçar a contribuição expontânea. No momento que  alguém é obrigado a sorrir a alegria já o deixou, restando apenas o ritual de “mostrar os dentes”.

"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." (2 Coríntios 9:7)
Todo sorriso falso é insultante, assim como é qualquer contribuição que não venha do coração. Contribuir sem alegria é o mesmo que gargalhar sem ter entendido a piada, indo apenas na onda, fingindo para não passar vexame, sem de fato experimentar nada além do vazio comportamental.

É um insulto doar aquilo que não lhe pertence ou que não lhe custou nada, como também é um insulto doar por coerção, medo, chantagem ou qualquer outra motivação que não passe pelo juizo da alegria na alma, é o mesmo que, usando a linguagem do templo, doar o cego, o manco, o coxo e o doente.

A verdadeira generosidade doa livremente, por puro amor. Sem condições. Sem expectativas.

Eu tampouco nunca consegui converger, conciliar, concordar, conformar ou harmonizar a frase “cada um contribua segundo propôs no seu coração” com “Trazei todos os dízimos” (Mal 3:10). Por que o verso de Malaquias já propõe a quantidade e, para mais ou para menos, ignora a consulta ao coração.

O exercício da conveniencia permite que alguns separem esses dois versos, criando uma doutrina de cobrança dupla onde o doador é obrigado a dizimar, ainda que por tristeza e por necessidade, e logo após contribuir, dessa vez com alegria.

A verdade é que, diferente de Malaquias 3:10, o verso de 2 Coríntios 9:7 não é um conselho mas uma condição de Deus para aceitar nossas doações. Qualquer doação, seja esta o dízimo ou a oferta, que não seja o fruto da livre manifestação da generosidade do coração não é legítima para com Deus.

Malaquias 3:10 está condicionado por 2 Coríntios 9:7 assim como a lei está condicionada a Cristo. 

Há certo meios cristãos que querem relacionar o sacrificio financeiro com o sacrificio de animais no templo. Ora as duas coisas são totalmente distintas, um homem poderia sacrificar várias ovelhas sem que isso lhe fosse um sacrificio financeiro. Entenda que o único sacrificio aceito por Deus é Jesus, nenhum outro mais.

"O homem que fala com você sobre sacrifício está falando de escravos e senhores, e tem a intenção de ser o seu mestre."  ~ Ayn Rand
Existe uma grande diferença entre sacrificar uma ovelha e sacrificar-se como ovelha. Enquanto a primeira se refere, no contexto Bíblico, em doar o que lhe custe algo, a segunda, do contexto evangélico atual, em matar-se a si mesmo financeiramente ao fazer uma doação acima das suas condições, colocando em risco sua familia ou seu negócio em nome de uma fé cega. A fé bíblica não é cega, sabemos no que cremos. Pessoalmente duvido muito que a segunda opção seja inspirada por Deus.

Lembre se que Deus não responde ao dinheiro, mas sim ao coração. Quem doa com alegria faz bem. Quem deixar de doar por que seu coração não está de acordo com a doação faz melhor. Quem doa por necessidade, barganha, medo, coerção, chantagem ou vantagem faz muito mau, pois insulta a Deus.

Wesley Moreira