Esse abaixo assinado foi posteriormente chamado de "Millenary Petition" é se focava em remover costumes considerados pagãos pelos puritanos, e que segundo eles, foram absorvidos pela igreja católica e herdados posteriormente pela igreja Anglicana tais quais: A imposição das mãos em oração, com a finalidade de conferir o dom do Espírito Santo; O sinal da cruz durante o batismo; Curvar-se diante do nome de Jesus; A exigência do uso da batina e da kipá; A remoção dos múltiplos cargos e títulos eclesiásticos; A absolução de pecados pelos pastores; A abolição da observação do Domingo e a volta para o Sábado*.
O recém coroado
Rei James foi então chamado para uma reunião no Palácio de Hampton Court para
abordar os tópicos contidos na petição Milenares, esse era o ano de 1604 e os
puritanos não foram autorizados a participar do primeiro dia da conferência, e
portanto foram negligenciados na maior parte do seu pedidos. Na verdade, o Rei James
estava feliz de como funcionava a Igreja Inglesa, e era extremamente contra o modelo
presbiteriano escocês.
John Reynolds |
Os puritanos
frustrados na maioria de seus pedidos adotaram uma segunda estratégia, criar uma versão da Bíblia traduzida de forma
a fazer justiça ao que eles acreditavam estar no original da Bíblia e consequentemente
mais em par com sua teologia. A nova tradução foi sugeria pelo Dr. John
Reynolds, a voz puritana na liderança na conferência, que trouxe a tona a idéia
de uma nova tradução da Bíblia, sob o argumento que "aquelas Bíblias que foram
autorizados no reinado do Rei Henrique VIII e King Edward VI são tão corruptas que
não respondem à verdade do original ".
O Rei James que odiava a popular Bíblia de Genebra considerada ser anti-monarquia por causa da linguagem usada e notas de margem redigididas pelos reformadores anteriores com a finalidade de promover o laicismo e desfazer a unidade entre a igreja católica e as coroas, viu com bons olhos a proposta e concordou que uma nova tradução seria o melhor. Como exemplo cito a edição de 1599 da Bíblia de Genebra que trazia essa nota marginal sobre Daniel 6:22: "Porque ele desobedeceu mandamento perverso do Rei para obedecer a Deus, nenhum prejuizo veio sobre ele. Rei algum deve comandar nada pelo qual Deus deve ser desonrado. " e mais, a mesma versão traduzia as palavras "fortes" e "altivos" do original para "tiranos" um termo que era comumente usado para se referir pejorativamente aos Reis e Monarcas como em Isaias 13:11 "E visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos."Em Jó 06:23, lia-se: "E livrai-me das mãos do adversário? Ou: Resgatai-me das mãos dos tiranos?" Em Jó 27:13, lia-se: "Esta é da parte de Deus a porção do ímpio, e a herança que os tiranos recebem do Todo-Poderoso"
O Rei James que odiava a popular Bíblia de Genebra considerada ser anti-monarquia por causa da linguagem usada e notas de margem redigididas pelos reformadores anteriores com a finalidade de promover o laicismo e desfazer a unidade entre a igreja católica e as coroas, viu com bons olhos a proposta e concordou que uma nova tradução seria o melhor. Como exemplo cito a edição de 1599 da Bíblia de Genebra que trazia essa nota marginal sobre Daniel 6:22: "Porque ele desobedeceu mandamento perverso do Rei para obedecer a Deus, nenhum prejuizo veio sobre ele. Rei algum deve comandar nada pelo qual Deus deve ser desonrado. " e mais, a mesma versão traduzia as palavras "fortes" e "altivos" do original para "tiranos" um termo que era comumente usado para se referir pejorativamente aos Reis e Monarcas como em Isaias 13:11 "E visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos."Em Jó 06:23, lia-se: "E livrai-me das mãos do adversário? Ou: Resgatai-me das mãos dos tiranos?" Em Jó 27:13, lia-se: "Esta é da parte de Deus a porção do ímpio, e a herança que os tiranos recebem do Todo-Poderoso"
A tradução da
bíblia começou em 1607. Cinquenta e quatro especialistas da Bíblia (apenas quarenta
e oito foram registrados pois alguns morreram antes que a tradução fosse
concluída) se reuniram nas Universidades de Oxford, Westminster, e Cambridge
para discutir a tradução. Eles vieram de conrrentes distintas e possuiam ideias diferentes sobre a reforma que eles queriam ver acontecer.
Cada tradutor
traduzia de forma independente a mesma seção da Bíblia, que depois era trazida
de volta à subcomissão. Todas as traduções eram então comparadas, e uma era
selecionada para ser enviada para a comissão de revisão geral. O comitê revisor
ouvia a tradução, em vez de lê-la; porque muitos dos cristãos eram analfabetos
e, eles queriam que a bíblia para soasse corretamente. Se a tradução não soava
bem o comitê geral debateria e reveria a passagem até que esta soasse melhor
aos ouvidos. Depois, eles enviavam as passagens aprovadas para os bispos, que,
então, enviavam a passagem para o arcebispo de Canterbury, que iria finalmente
enviá-la ao Rei James que tinha a palavra final na aprovação da nova tradução.
KJB de Robert Bake, a Bíblia de Judas |
A nova tradução
foi finalmente concluída em 1610, mas não se tornou disponível para o público
até o ano seguinte. Quando foi impressa por Robert Barker. Infelizmente, a nova
tradução era tão esperada que Barker, levado às pressas para atender à demanda, imprimiu as cópias com muitos
erros tipográficos. Barker que havia pago £3.500 pelo direito exclusivo de
publicar a Bíblia, gastou muito mais que este valor corrigindo seus erros e
afastando editores piratas. Barker foi vencido em 1635 quando já não podia pagar pelas dívidas contraídas no seu projeto de produzir e fornecer a King James Bible, terminou na prisão, onde veio a morrer.
Grosseiras correções de Baker |
O nome "Bíblia de Judas" perseguiu a King
James Bible até que esta veio a sofrer uma série de revisões, seus erros tipograficos foram
corrigidos, novos resumos dos capítulos foram incluídos, e novas referências marginais
foram adicionadas. As revisões seguintes abriram a porta para o aumento da
popularidade da King James Bible que hoje ocupa o segundo lugar como best-seller
perdendo apenas para a Nova Versão Internacional.
Wesley Moreira
*A observação do Sábado fazia parte da
proposta dos reformadores puritanos em 1603 e foi por um período cogitado pelo Rei James até que esse veio a
assinar o decreto do "Declaration of Sports" de 1617 que determinava
e regulamentava a prática de esportes aos domingos, o que frustrou o plano dos reformadores
puritanos. Nesso ponto os puritanos se distanciavam de Lutero e Calvino que não
observavam nenhum dia santo durante a semana e apenas reconheciam o domingo como um dia de
feriado cívico comum – não santo, e que oferecia uma oportunidade para que os Cristãos
fossem ao templo.
Fontes consultadas:
Bobrick,
Benson (2001). Wide as the waters: the story of the English Bible and the
revolution it inspired. Roger Lockyer, Tudor and Stuart Britain: 1485-1714, 2004, Norton, David (2005). A
Textual History of the King James Bible, Gee, Henry, and William
John Hardy, ed., Documents Illustrative of English Church History (New York:
Macmillan, 1896), 508-11